terça-feira, 5 de junho de 2012

A história de Ruth




a.j.chiavegato

Era uma vez,

nos tempos das diligências, quer dizer, nos dias em que juízes governavam Israel, coisa de pra mais de mil anos, nem cheiro de Jesus, claro, já morava em planos de Deus que muito tempo rolasse a se casarem José e Maria, ambos da família de Davi em terras de Belém. No tempo de que narro, ali vivia Elimec, podre de rico. Obviamente, em não acostumado a pobrezas em Jehudá, Judá reinava uma braba fome por estiagens. Mandou-se pras bandas de Moab, à margem oriental do Jordão ao norte das praias do Mar Morto, hoje, Jordânia, para bem nos situar. Boas terras e planícies tratorais e lá se fixou com sua Naomi, de bonito nome e esguio porte, tipo Naomi Campbell e dois filhos, Quelion e Maalon. Tempos passando e conversas faladas, achegou-se à família uma princesinha moabita de nome Ruth, bonita, loira, pele queimada de sol e olhos azuis, por vezes, esverdeados em horas do sol que se cai, um treco! Lógico, tinha que dar em casamento, um monte de rapazes encima de Ruth, ela mesma escolhendo um cara, não esclarecendo minhas fontes se fosse baixo, gordo, barrigudo, ou se alto loiro, espadaúdo, tipo alemão, o escolhido, Quelion. Casaram por dez anos em infecundas luas de méis, de filho, nem cheiro. Entrementes, Maalon casou-se com Orpá e pouco mais Emilec, não sei se em velhices, se de enfarto, se nó nas tripas, não se registrando à época a causa mortis, finou-se placidamente. Antes que não se secavam as lágrimas da Naomi, perdeu os dois filhos, de bandejada, Maalon e Quelion, não sei se por acidente em estradas mal conservadas, ou por desconhecido motivo, deixando três viúvas em tristeza e o pior, sem dinheiro que ainda não se falava de pensão, nem seguro de vida deixado por maridos. Decidiu Naomi: querem de uma coisa, estou de saco cheio de desgraças, lágrimas nem mais tenho, nem dinheiro, volto-me pra minha terra בית לחם , - pronuncia-se Beit Lehen, explico em grego, Βηϑλεέμ, vulgo, Belém. As noras: vamos juntas. A sogra ponderou: filhas, são bonitas, sem filhos, em estado de novo, logo se casam em sua terra. Orpá logo topou, deu-lhe um beijo e se mandou, dizem as más línguas que já tinha um caso. Ruth descabelou-se e falou a bonita, a inédita, a inaudita declaração de nora a sogra: aonde fores, irei, teu povo é o meu povo, teu Deus é o meu, onde morreres, ali serei enterrada, somente a morte me separa de ti. Que coisa, depois desta peroração, nem a mais sogra encarquilhada em estiolados sentimentos que não vertesse em lágrimas. Juntas foram pras mandas da Terra Prometida e arribaram em Belém, ao que Naomi, por dias e noites de viagem, desabou: estou exausta e faminta – suspirando fosse carioca. Ruth, por sua vez, inteiraça, fez sogra sentar-se à sombra de um zimbreiro, esclareço, Juniperus phoeniceam da família Cupressaceae e disse: vou àqueles que trabalham colhendo cevada a pedir espigas. Achegou-se: ei, moços! Não responderam. Ao que ali plantada, por traz uma voz suave a saudou: que Deus esteja contigo, linda estrangeira! Ruth voltou-se e viu Booz, juiz de Israel, dono daquele campo. Recolhe tantas espigas a saciar tua fome – disse. Ela pegou um feixe e agradeceu. Volte sempre – disse Booz, os olhos ternos, já rolando um clima. Ruth narrou a Naomi tintim por tintim e os olhos dissimulados que tudo diziam, Naomi retrucando: que bom seja bem sucedida aos olhos de Booz, gente fina, parente do finado Emilech.

Por outro ladoBooz a inquirir sobre aquela estrangeira que era viuvinhanora de Naomi,etce tal... Sem mais delongas, casaram-se e Naomi saiu dahistóriaenxuta e felizsem se  saber que morreuse conheceu o netoOvedfilho de Ruth eBoozOved gerou a Yishai
que gerou a um monte defilhosao caçula DaviDeixo que encerre meu amigo que gerou Jessé, que gerou ao rei Davi e na ponta do fim da linha: Jacó gerou a José, esposo de Maria de qual nasceu Mashiach, o Messiastataraneto de Ruth, Jesus, quem sabe, loiro, pele queimada em sol, olhos azuis, por vezes, esverdeados em horas do sol que se cai.  

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