A
oração
que
faço
a.j.chiavegato
Escrever
sobre
oração.
Valha-me
Deus,
Nosso
Senhor
que
se
não
me
cuido,
faço
logo
um
livro,
uma
vez
bom
em
teoria
e
sofrível
em
práticas.
Simplificando
o
quanto
me
é
possível,
duas
verdades
regem
minha
experiência
em
fins
de
vida:
primeiro,
vivo
em
uma
natureza
e
em
um
mundo
livres,
quer
dizer,
o
que
acontece
não
depende
de
Deus.
Segundo,
vivo
nas
mãos
de
Deus
que
não
me
empurra
a
nada,
mas
me
ampara
em
tudo,
ele
que
inventou
o
jeito
de
ser
pai.
De
acordo
com
a
primeira
verdade,
não
peço
a
Deus
coisas
para
mim,
ou
para
os
que
amo.
Educação
e
hábito
me
levam
a
fazê-lo,
mas
não
é
de
meu
feitio.
Vir-me
uma
doença,
é
lei
da
natureza
e
da
vida,
inexorável
como
a
da
gravidade.
Se
jogar
um
tijolo
do
alto
de
um
prédio,
vai
cair
na
cabeça
de
alguém
e
o
matar
e
nenhum
anjo
descabelado
sairá
voando,
em
ordens
de
Deus,
para
segurar
o
tijolo,
porque
alguém
orou.
Não
peço
a
Deus
que
me
cure,
uma
vez
caber-me
buscar
a
saúde
através
de
meios
que
estão
aí.
Deus
deu
inteligência
ao
homem
para
encontrar
soluções
para
seus
males
e
tendo
posto
em
seu
coração
uma
sede
insaciável
de
saber,
definiu
seu
estilo
de
atuar
em
nossa
vida.
Vive-se
mais
hoje
não
porque
mais
se
ora
e
Deus
esteja
trabalhando
melhor
em
céus
informatizados.
Vive-se
mais
porque
o
homem
usa
mais
a
inteligência
para
descobrir
os
caminhos
da
longevidade.
Antes,
buscava-se
curar
pequenos
males
com
oração
leve.
Doença
grave,
só
com
reza
brava,
incertos
os
resultados.
Hoje
sabemos
que
remédios
são
mais
eficazes
que
orações
e
até
o
papa
tem
plano
de
saúde,
top
de
linha,
Máster
Mille.
Minha
irmã
Cá,
menina,
salvou-se
de
aguda
brônquio-pneumonia,
não
pela
fé
inquestionável
das
orações
de
minha
mãe,
mas
por
graça
do
Dr.
Fleming
que
acabara
de
inventar
a
penicilina.
Em
tempos
de
Álvares
de
Azevedo
e
Santa
Terezinha,
morria-se
de
tuberculose
aos
vinte
anos,
Deus
não
ouvindo
as
muitas
orações.
Pedir
tudo,
é
atribuir-lhe
responsabilidades
que
são
nossas,
como
no
caso
da
mãe
chorando
a
morte
do
filho
que
com
carro
espatifou-se
em
árvore,
caco
cheio
de
uísque:
por
que
Deus
fez
isso
comigo?!
Não
adianta,
minha
amiga,
Deus
não
faz
nada
em
nosso
lugar.
É
a
dura
verdade
do
sentido
de
nossa
liberdade.
Ah
que
gostaríamos
fosse
diferente,
mas
não
é!
É
duro,
mas
vale
a
pena!
De
que
outro
jeito
faríamos
a
experiência
do
poeta
santista
que
cantava
como
é
bom
ser
bom!?
Não
peço
nada.
Faço
de
minha
parte
o
que
posso.
O
que
não
posso,
aceito,
em
resignadas
paciências,
certo
de
que
vivo
nas
mãos
de
Deus
que
por
mim
nada
faz,
mas
me
ampara,
sem
que
eu
saiba,
ou
não
veja
como.
Cuida
de
mim,
como
veste
as
flores
e
dá
de
comer
a
passarinhos,
em
escondidos
silêncios
de
altas
madrugadas.
Respeito
os
que
fazem
orações
de
muitos
pedidos.
Jesus
mesmo
ensinou
a
rogar
ao
Pai
o
pão
de
cada
dia,
o
perdão
de
nossos
erros
e
livrar-nos
de
todo
mal.
Também
pratico
esse
tipo
de
oração,
mas
não
muito.
Quando
o
faço,
é
para
me
abrir
com
ele,
sabendo-o
presente,
conferindo
só,
como
quem
não
quer
nada.
Respeito
os
que
se
fazem
crianças
que
de
tudo
precisam
e
pedem,
em
exercício
de
grandes
confianças.
Mas,
creio
que
se
há
de
progredir
para
outro
jeito
de
orar
que
Jesus
enalteceu:
a
oração
sem
palavras,
abandono
confiante
nas
mãos
de
Deus.
Nada
se
diz,
é-se
apenas
tranqüila
aceitação
de
tudo.
Exatamente
como
Jesus
que
em
fraquezas
de
homem
diante
de
sofrimento,
suplicou
em
fundos
desesperos:
Pai,
tá
duro
de
agüentar,
se
possível,
dá
um
jeito,
afasta
de
mim
este
cálice.
E
se
calou
em
esperas
enquanto
o
Pai
afagava-lhe
o
coração,
passarinho
doente,
quentes
ternuras
insuflando-lhe
o
último
alento
para
o
abandono
final:
em
tuas
mãos
entrego
minha
vida!
A
oração
sob
este
aspecto
é
exercício
de
aceitação
da
vida
com
seus
acontecimentos,
sejam
quais
forem
e
em
sua
base
está
a
convicção
de
que
em
Deus,
vivemos,
nos
movemos
e
somos.
Quanto
me
diz
respeito,
sinto-me
imerso
nele.
Penso,
e
ele
está
aí.
Abro
os
olhos,
e
ele
está
aí.
Sofro,
e
ele
está
aí.
Nada
lhe
peço,
e
ele
está
aí.
Faço
o
mal
que
não
quero,
e
ele
está
aí,
amigo,
para
o
que
der
e
vier.
Vivo
e
ele
está
aí,
até
o
momento
que
suas
mãos
sustentem
minha
última
queda,
suave
cair
de
folha
seca.
Hoje,
amigos,
não
sou
mais
que
esse
jeito
simples
de
orar
a
Deus:
respiro
sua
presença.
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